O passaporte para imunizados já foi mencionado aqui no Click Finanças. Leia aqui para lembrar como a ideia surgiu. Com ele o titular teria permissão para viajar, passear, ir em festas… enfim, aglomerar. Afinal, eles já estariam protegidos contra o corona vírus. Essa é a ideia para a retomada da economia em países que já possuem parte da população imune ao vírus.
No entanto, separar a população entre imunes e não imunes vem gerando diversas polêmicas mundo a fora. Se, por um lado, tem países que defendem a implementação passaporte para imunizados, como Israel que já possui a versão nacional. Por outro lado, alguns países não aprovam a implementação por questões éticas e políticas. Afinal, a segregação entre imunizados e não imunizados pode gerar problemas internos nos países e problemas muito maiores no mundo.
O fato é que países desenvolvidos estão com mais acesso a distribuição de vacinas, e conceder a indivíduos imunizados mais direitos e aos não imunizados mais restrições aumentaria os índices de desigualdade social, que já são alarmantes. A emissão do passaporte para imunizados a nível mundial ainda é incerta, mas há rumores de alguns países da Europa e Estados Unidos estarem procurando meios para que a ação seja viabilizada.
A OMS (Organização Mundial da Saúde), por sua vez, se posiciona contrária a medida “As autoridades nacionais e os operadores de transporte não devem introduzir requisitos de comprovação de vacinação contra a covid-19, visto que ainda existem incógnitas críticas sobre a eficácia da vacinação em reduzir a transmissão”,afirma a organização em documento.
A distribuição da vacina
A distribuição das vacinas contra a covid-19 tem sido feita de forma diferente pelo mundo. Afinal, os imunizantes que tiveram aprovação chegam mais rapidamente e de forma mais abundante em países desenvolvidos, que tem maiores condições de produção e compra. Se o passaporte para imunizados passar a vigorar as nações mais pobres terão que aguardar mais tempo para voltar suas atividades sociais e econômicas ao normal, além de impossibilitar o acesso de habitantes desses países para o exterior.
A desigualdade tem sido mais acentuada desde o começo da pandemia e adotar tal medida restritiva de pessoas, seria fator relevante para que esse índice aumentasse mais. De acordo com Nicole A. Errett, especialista em saúde pública da Universidade de Washington, liberar as viagens apenas para os países desenvolvidos vai aumentar as diferenças econômicas do mundo.
Mesmo na União Europeia, há controvérsias entre o posicionamento de seus países membros no que tange a implementação do passaporte para imunizados. Enquanto aqueles que tem o turismo como atividade econômica principal pressionam o grupo para adotar o documento, os demais apresentam reservas. Isso porque o ritmo de vacinação entre esses países é diferente, assim aqueles que imunizaram menos cidadãos são contra o passaporte para imunizados.

A expansão da desigualdade através do passaporte para imunizados
Para a adoção do passaporte para imunizados seria necessário a obrigatoriedade da vacina. Visto que ao limitar os serviços para quem esteja imunizado os governos estariam, de certa forma, obrigando a população a se vacinar. Deste modo abriria uma outra grande discussão, pois existem grupos que não podem se vacinar e outros em que os imunizantes ainda não foram testados.
Desde o começo da pandemia, muitos trabalhadores perderam seus empregos, o que aumenta ainda mais a igualdade econômicas entre as classes. Pensando assim, a vantagem do passaporte para imunizados seria auxiliar no controle da pandemia e resultaria na minimização dos problemas econômicos. Mas, para isso a única forma é combater a desigualdade existente, através da redução das diferenças de classe e raciais que ampliaram durante a pandemia.
Os privilégios para os imunizados favorecerão os grupos demográficos já vacinados em maior número. Dessa forma, será acentuada uma desigualdade já existente. E se pensando na exigência do passaporte para imunizados nos locais de trabalho, o desemprego que assola grande parcela da população poderá ser ainda mais devastador. Afinal, se a medida for adotada, as comunidades mais atingidas pela covid ficarão para trás.
As vantagens do passaporte
O passaporte para imunizados seria uma ferramenta capaz de garantir a volta da normalidade. Afinal ele promete uma maneira de voltar a vida social, além da retomada econômica mais rápida. No entanto, em diversos locais há diferença na distribuição de vacinas, principalmente no que tange a nacionalidade. Dessa forma a ideia atinge diretamente a ética da saúde pública.
E mesmo com toda potencialidade que haverá nas desigualdades é possível que seja inevitável que o passaporte para imunizados passe a vigorar. Uma vez que, analisando seus principais objetivos, como voltar a movimentação da economia, reabertura do comércio, liberação de viagens, eventos, lazer e segurança sanitária é o que todos desejam. Afinal de contas a redução da desigualdade social nunca foi prioridade em relação a economia do país.
Contudo é necessário analisar uma série de eventos que podem trazer mais problemas a essa discussão. Como, por exemplo, quantas doses serão necessárias para a emissão do passaporte para imunizados? Quais imunizantes aprovados seriam aceitos? Como será para quem não pode vacinar? O passaporte terá validade?
Todos esses pontos precisam ser considerados na decisão de implementar ou não o passaporte de imunização. Além disso o mais viável seria uma adoção única mundial, pois se cada país criar um, com regras próprias, iremos esbarrar em outras dificuldades passiveis de muita discussão que poderá nunca chegar a uma conclusão.