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A moeda americana e a comparação com o real

Em 2020 o mundo viu o dólar americano ser desvalorizado. Mas, no Brasil, a moeda continua em alta. Entenda por que a moeda americana não tem o mesmo caminho em terras brasileiras.

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A moeda americana foi emitida em maior quantidade em 2020 e isso ocorreu devido a recessão causada pela pandemia de Covid-19. O Fed (Federal Reserve), o Banco Central dos EUA, liberou a impressão de mais dinheiro para amenizar os efeitos da recessão. Com isso o dólar foi perdendo valor em comparação a outras moedas. Afinal, com tanto dólar americano em circulação, o país perde credibilidade para investidores estrangeiros.

Da mesma forma a taxa de juros dos Estados Unidos foi reduzida a quase zero. Assim, a moeda americana perdeu valor em comparação as principais moedas globais. Apenas com o real brasileiro que a história é diferente. Ou seja, o pior desempenho em comparação a valores de moedas ante a moeda americana foi do real: desde o início da pandemia nossa moeda perdeu quase 22% de seu valor.

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Entre as 30 moedas mais negociadas no planeta e o peso argentino, a que apresentou pior desempenho foi o real e diversos são os fatores que incidem sobre a valorização ou desvalorização de uma moeda. Mas por que o real vai na contramão do que acontece em outros países? Continue lendo e entenda o motivo de estarmos contra a maré nesse panorama econômico mundial.

O que explica a desvalorização do real para a moeda americana?

A principal causa do comportamento do real em relação ao dólar são as questões internas, o país não tem sido visto com bons olhos pelo mercado externo. O risco fiscal somado a trajetória da dívida pública do Brasil são fatores alarmantes e além disso as promessas de reformas econômicas feitas pelo presidente Jair Bolsonaro permaneceram apenas como promessas, descredibilizando o país.

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Diversos fatores fizeram com que a dívida pública do país aumentasse e atualmente ela representa 89.3% do PIB (Produto Interno Bruto), além disso os gastos governamentais foram maiores com a pandemia, chegando a R$743 bilhões. Todos esses fatores montam um cenário preocupante, principalmente para investidores e países estrangeiros. E assim o real continua em desvantagem frente à moeda americana.

É importante ressaltar que, pelo menos 57% do valor total da dívida precisa ser paga no primeiro trimestre do ano. Isso quer dizer que cerca de R$1,4 trilhão precisa ser quitado mesmo com os problemas financeiros interno. Além disso, o Auxílio Emergencial deve retornar, o que indica que os gastos públicos não previstos vão aumentar. Com isso a dívida governamental também cresce. Sendo assim a preocupação de investidores aumenta, causando um impacto no comportamento do real frente a moeda americana.

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E o que o futuro reserva?

Especialistas afirmam que a recuperação do dólar não deve ser algo rápido. Com isso mercados estrangeiros podem sofrer um maior impacto, principalmente em suas bolsas de valores. Há ainda a valorização do euro, a moeda europeia tende a aumentar devido aos estímulos fiscais acordados por Alemanha e França. Sendo assim é importante que o Brasil consiga estabilizar o mercado interno para se beneficiar da queda da moeda americana.

Alguns especialistas defendem que parte importante do processo de retomada da valorização da economia é através da vacinação. Para Yoshinaga, da FGV-SP, quanto mais rápido a população for vacinada, mais rápido a economia se recupera. E assim a situação do país tende a melhorar, tanto no mercado interno como para investidores e países estrangeiros.

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Por isso é importante que o Governo Brasileiro siga dentro dos limites de gastos, mas amparando a população carente e investindo em vacinação. Apenas com a imunização frente a pandemia de Covid-19 é possível realizar a retomada da economia. E, com a retomada econômica, os projetos do governo que ainda estão no papel podem ser colocados em prática. Nesse cenário há chances de o real recuperar seu valor em relação a moeda americana.

E quem é impactado com a alta da moeda americana?

Engana-se quem pensa que apenas aqueles que lidam diretamente com o dólar são impactados com a desvalorização da moeda brasileira. Além do reflexo em produtos importados, a indústria nacional acaba gastando mais para produzir seus produtos. Isso ocorre porque grande parte dos insumos utilizados tem origem externa e são negociados em dólares. Ou seja, mesmo recebendo em reais, eles pagam na moeda americana.

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No atual cenário a situação fica um pouco pior. A fabricação de vacinas, mesmo aquelas realizadas por laboratórios brasileiros, necessitam de insumos estrangeiros e outros recursos da saúde também têm origem fora do país. Com isso, no enfrentamento da pandemia, o Brasil gasta mais e, com a moeda nacional desvalorizada, paga mais caro ainda pelos produtos que são essenciais.

Produtos do dia a dia também tem impacto direto, os preços dos combustíveis e dos alimentos sofrem de maneira indireta com isso. Por outro lado, os produtores brasileiros preferem exportar suas mercadorias, principalmente os grãos, ao invés de vender no mercado interno, o que gera a falta do produto no mercado interno e um aumento de preços para o pouco que fica para ser consumido pela população brasileira.

Portanto com o Brasil indo na contramão do mercado financeiro, é importante que as medidas internas ajudem no processo de retomada da economia. Apenas quando for possível estabilizar o mercado interno, teremos uma resposta positiva para a queda da moeda americana. Além disso, é importante que o país invista em medidas para controlar a pandemia, trazendo assim uma retomada econômica mais rápida.

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